quinta-feira, 16 de abril de 2009

uma fenda no dia

Enquanto mulheres passam pela calçada da praia, fazendo pose com seus óculos escuros retrô e cabelos esvoaçantes, serventes que trabalhavam num prédio de frente descansam, após encararem suas marmitas.

Um rapaz, sem óculos escuros e com roupa de trabalho senta na calçada, de frente para o mar, que, agitado e de ressaca, acompanham o ritmo dos seus sentimentos. A claridade adentra seus olhos, fazendo lacrimejarem em reação ao incomodo. Observa as poucas pessoas que estão na areia e o movimento ao seu redor.

Olha pra baixo e o chão que apóia seus pés, torna-se o porto estático de uma viagem. Os olhos, imóveis, fitam o chão. Sua mente salta em diversos sentidos e, inconscientemente, ignorando tudo ao redor, pensa que aquele chão poderia ser de qualquer outro lugar do mundo. Fecha os olhos e se permite desfrutar dessa paz.
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Dez minutos depois a vida real trata de trazer de volta o chão coberto de areia.
Alguém lhe toca os ombros e pergunta:

"Sabe me dizer que horas são?"

quarta-feira, 15 de abril de 2009

com a mão no céu e os pés no chão

eu não estou perto e me expresso pra passar o tempo
entre as horas de exposição e espera.

sinto um vento forte e reto
que não se curva aos meus movimentos.
tenho que enfrentá-lo
e enquanto tento moldar o espaço
sinto que também sou moldado,
em diversas direções,
entre o up and down.
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intenso, sem a intensão de sê-lo,
pago o preço por não acreditar no amanhã,
por maior que seja a vontade tê-lo como sonho.

entre vários sensos,
(meus e de outros)
dobro esquinas e diversos caminhos aparecem.
é incrível como se opõem.

o exercício de avaliá-los,
dos mais simples aos mais complexos,
levantam pensamentos, desejos, contra desejos,
sonhos, repulsas e verdades que misturam-se
entre o melhor, o sonho e o necessário.

em meio a isso tudo, o tempo é amigo e inimigo,
e, de alguma forma,
explica o universo de opostos que compõem a vida.
a sensação de mobilidade fica nula
deixando conselhos,
aos que realmente merecem palavras tão valiosas.

é um vai-e-vem
de encontros e desencontros.
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e isso passa longe de problemas ou
relacionamentos específicos.
também não é um julgamento
ou uma ideologia.

são ações e variações por algo abstrato, anterior a tudo, e maior.
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e só mesmo o amor,
que sintetiza,
nos seus mais diversos, difusos e distintos sentidos,
a existência, o prazer e o privilégio
de tanta confusão (no melhor dos sentidos)
para uma vida tão bonita.