quarta-feira, 8 de julho de 2009

equilíbrio

São muitos os impulsos humanos que tem suficiente unidade para que, na linguagem corrente, se ache um nome para eles. Palavras como ódio, amor, amizade, cólera, fidelidade, apego, desconfiança, confiança, entre outras, designam estados que indicam uma disposição para comportamentos determinados, de modo não diverso de como o fazem igualmente as expressões cunhadas pela pesquisa científica do comportamento, como agressividade, tendência para hierarquia, territorialidade, etc.

A cada uma dessas designações para estados de “alma” e/ou disposição para certas ações corresponde um sistema real de estímulos no qual, a um primeiro contato, não é necessário estabelecer a proporção do que é geneticamente determinado ou culturalmente adquirido. Podemos admitir que cada um desses impulsos é membro de um sistema que trabalha de forma ordenada e harmoniosamente e, como tal, é indispensável a vida humana.

A tentativa de se classificar ódio, amor, fidelidade, desconfiança, etc., em sentimentos “bons” ou “maus” é nonsense, quando se sabe que eles são componentes de um sistema que funciona como um todo, e é tão tola como se perguntar, por exemplo, se a tiróide é boa ou má, em função de sua importância hormonal no metabolismo do corpo humano.

A atual concepção de que podemos dividir tais noções em boas e más, de que amor, fidelidade e confiança são em si bons, e ódio, infidelidade e desconfiança são em si maus, acontece unicamente porque, geralmente, em nossa sociedade, há falta dos primeiros e excessos dos segundos. Amor demais estraga inúmeras crianças cheias de esperanças.

O equilíbrio é fundamental em tudo, e há de se questionar os estigmas que envolvem as situações, sentimentos, emoções, etc., que possuem pré-conceitos ruins. Há também de parar de se evitar o mau, já que faz toda a diferença encará-lo como complemento ao bom, e não como seu oposto.