quinta-feira, 18 de junho de 2009

teatro dos vampiros - parte 2

(continuação do post anterior...)

O mundo dos jornalistas é possuidor de conflitos, concorrências, hostilidades. Diz-se sempre, em nome do “credo liberal”, que o monopólio uniformiza e a concorrência diversifica. Nada contra a concorrência, mas, quando ela se exerce entre jornalistas ou jornais que estão sujeitos às mesmas restrições, pesquisas de opinião e anunciantes, ela homogeneiza. Da mesma maneira, nos jornais televisivos ou radiofônicos das emissoras de grande difusão, no melhor dos casos, ou no pior, só a ordem das informações muda. Ocorre também uma espécie de interleitura comprovada: para fazer o jornal televisivo do meio-dia, é preciso ter visto as manchetes do 20 horas da véspera e os jornais da manhã.

A televisão não é muito propícia a expressão do pensamento. Um dos maiores problemas levantados por este meio é a questão das relações entre o pensamento e a velocidade. Pode-se pensar com velocidade? Será que a televisão, ao dar a palavra a pensadores que supostamente pensam em velocidade acelerada, não está condenada a ter e criar apenas fast-thinkers?

Com sua urgência, a televisão produz fast-food cultural, “idéias feitas”, aceitas por todo mundo, banais, convencionais; mas também são idéias que quando as aceitamos, já estão aceitas, fazendo com que não haja problemas na recepção. Para que haja pensamento, o tempo é necessário para que se “fragmente” as idéias.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

teatro dos vampiros - parte 1

Porquê nas condições habituais aceita-se, apesar de tudo, participar de programas de televisão? É uma pergunta muito importante e, no entanto, a maior parte dos pesquisadores, dos cientistas, dos escritores, para não falar dos jornalistas, não faz a si mesma. É necessário que haja essa “interrogação” sobre o que dizer, a quem dizer e para que o fazer. A impressão que essas pessoas passam é que, ao aceitar participar sem se preocupar em saber se poderá dizer alguma coisa, revela-se muito claramente que não se está ali para dizer alguma coisa, mas por outras razões, sobretudo para se fazer ver e ser visto. Foi assim que a televisão se tornou hoje um lugar de exibição narcísica.

Análisando a televisão em si, o acesso a esta tem como contrapartida uma formidável censura, uma perda de autonomia ligada, entre outras coisas, ao fato de que o assunto é imposto, de que as condições da comunicação são impostas e, principalmente, que a limitação do tempo impõe ao discurso tantas restrições que é pouco provável que alguma coisa possa ser dita.

Além disso, há intervenções políticas e censuras econômicas, já que muitas emissoras pertencem a grandes grupos de empresas ou até mesmo não afetariam a reputação de seus patrocinadores, e isso afeta toda a programação quanto aos jornalistas – figuras importantes nesta análise e donos de certa manipulação, até porquê também são manipulados e, muitas vezes, alimentados por suas ambições ou temerosos de um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, não tem consciência disso.

A busca pela notícia, o princípio da seleção é encontrar o sensacional, o espetacular. A televisão convida à dramatização, no duplo sentido: põe em cena, em imagens, um acontecimento e exagera-lhe a importância, a gravidade e o caráter dramático, trágico. As palavras comuns, não se “faz cair o queixo do burguês” e do povo. As notícias de variedades são o alimento predileto da imprensa sensacionalista; o sangue e sexo, o drama e o crime sempre fizeram vender e alçam o índice de audiência. É importante citar também os “fatos-ônibus”, que não devem chocar ninguém, não envolvem disputa, não dividem, formam consenso, interessam a todo mundo mas, de certo modo, não tocam em nada de importante.

Continua...