sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

o bem maior (bem vinda)

o que você pensou que seria
quando ria
por outras vias do amor?

ela não te preparou pro que vinha
e você jurou saber,
jurou saber
tudo que fazia.

cercado pelos lados,
em frente foi difícil ver.
não quero me lembrar do tempo
que o medo fez valer
a saudade de mergulhar no mundo.

e essa tristeza deu início a uma alegria.
dessa tristeza nasceu uma nova alegria.

ela encheu o espaço de fantasia,
dentro de casa
a vida agora vive sem cessar.

a escuridão que ela trouxe é bem vinda
sem o teu perdão
o tempo agora corre ao meu favor.

 liberto pelos lados,
em frente já consigo ver!
só quero me lembrar do tempo
que fez aparecer
a vontade de encontrar o meu viver.

e essa tristeza deu início a uma alegria.
dessa tristeza nasceu uma nova alegria
uma tristeza assim enobrece o meu dia-a-dia.


falo do sonho de mergulhar no espaço.
canto o sonho de viver num espaço bem maior.
faço do sonho de mergulhar no espaço
um caminho
que oferece
outro espaço
bem maior,
bem maior.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

beco

muda;
molda;
moda
(de) merda.

transforma;
aliena.
(vem o) fim.

e agora
quem é você?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

ira. me tira! mente. mentira.

Essa maquiagem é uma mentira. Esse cabelo alisado é farsa. Você é uma farsa! Esse perfume e essa exigência de tudo milimetricamente perfeito servem muito bem para te fazer dar voltas e voltas em torno do não conhecimento e da não aceitação de quem você realmente é.

Isso não é você. Aceite.

Nós temos pelos e fedemos. Somos animais mesmo. E o corpo é um meio perfeito para viver e sobreviver. Não para servir de um outdoor para uma propaganda enganosa do que você não é. Todo mundo acorda com bafo e despenteado. Em noites de pouco sono, você é a sua olheira mesmo, e não esse monte de pó artificial que você passou por cima pra tentar escondê-la. Taí, você se esconde. Você não é uma carteira de R$500,00 e nem o atleta de pólo em cima do cavalo, que borda essa sua camisa. Camisa serve pra se vestir, mas ela também agrupa e segrega da forma mais escrota possível. Queria ver você no meio do deserto com todo esse lixo e morrendo de sede pra você saber o que é importante mesmo, meu irmão.

Aí você acha que cresce e bota na cachola que teu peito é pequeno. O que é grande? O que é normal? O que é “bonito”? Claro, aquilo que disseram pra você, né? Aí você paga de R$5.000 a R$10.000, entra na faca e mete dois pedaços de plástico, dentro de você. Um corpo estranho num corpo estranho. Depois, toma uma pancada de remédios pro teu organismo não estranhar o corpo estranho. Os anos vão passando, você vai usando aquele tão sonhado decote, marcando sua presença no meio daqueles que te transformaram. E você ainda achou que foi você quem decidiu. Hahaha... Ilusão! Daqui há mais alguns anos você tem filhos, engorda e entra novamente no shopping branco chamado Hospital pra, dessa vez, tirar partes do teu corpo buscando ter a idade e a forma que você não tem. E tudo é muito urgente. Então, se for possível, aproveite o dia e faça tudo de uma vez. Dê a luz; sai obstetra, entra cirurgião plástico; e já sai metendo a faca em tudo. É bom que você divide a atenção do teu filho com o que sobrou de você.

Essa perfeição te faz um monstrinho. Não adianta levantar essa bandeira porque isso só te causa ansiedade e tensão. Se tu fazes isso contigo é um problema teu, agora, ficar olhando os outros de cima embaixo nessa cobrança silenciosa pra depois ficar de tititi com teus amiguinhos mutantes é desumano e não vai aliviar a cobrança que você se impõe.

Largar esse preconceito banal e tentar ser uma pessoa realmente melhor da muito trabalho e não tem graça nenhuma, nesse curto prazo que você exige pra dar mais uma risada vazia. Se é muito mais fácil aceitar um monte de lixo em forma de informação e adotá-lo como cartilha para a sua vida, porque questionar o que é realmente seu, o que é você de verdade?

Depois fica dizendo que a vida é curta.
É sempre curta pra quem não sai do mesmo lugar.
Se diverte aí, mane! Aproveita pra se divertir.
E continue surpreendendo os outros com suas piadinhas.
E aceite que surpresa pra você será, no máximo, um brinquedo dentro de um pacote de algum biscoito light integral.

Agora, me da licença que eu vou te jogar fora, espelho de merda.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

utopia em sonho

Hoje eu tive um sonho. Nele, a única revolução verdadeira aconteceu: o amor ao próximo e à nossa terra conseguia ser maior do que tudo. Utopia? Certamente!
Gestos de bondade, honestidade, carinho e respeito nunca mais eram vencidos pela arrogância, prepotência, desonestidade e estupidez.

Com isso, várias mudanças ocorreram no dia-a-dia da sociedade:

- Cartões bancários (crédito ou débito) não mais precisavam de senha ou assinatura.
- Ainda sobre assinatura, não existiam mais contratos, procurações e reconhecimentos de firma.
- Policiais, seguranças e companhias de seguros ficaram livres para ações muito mais positivas do que defensivas.
- Não havia mais CPI.
- Os políticos não tinham mais planos de saúde: usavam os hospitais e clínicas públicas. Seus filhos eram matriculados em escolas públicas.
- A existência do órgão de defesa do consumidor não tinha mais sentido.
- Juízes, promotores e advogados trabalhavam em questões muito mais progressistas e as leis já não tinham mais tanta utilidade.
- O tele atendimento das empresas, definitivamente, facilitava a vida de seus clientes em casos de possíveis dúvidas ou problemas.
- Produtos e serviços entregavam exatamente o que prometiam em propaganda e embalagens.
- Negros, gordos e gays viviam em harmonia com aqueles que, antes da revolução do amor, eram considerados pessoas normais.
- A moda era uma força de inclusão, e não mais exclusão social.
- Os árbitros de futebol aposentaram os cartões amarelo e vermelho.
- Torcedores de times “rivais” poderiam ver o jogo juntos, sem distinção de lugar nos estádios.
- Antidepressivos deram seus lugares em prateleiras das farmácias para medicamentos mais leves e menos agressivos, que não causavam dependência.
- Vivemos o fim da vergonha.

É estranho entender que esse mundo é possível de existir, mais está extremamente distante por ser desinteressante a grande maioria das pessoas e, principalmente, daqueles que tem mais força para exercer as mudanças necessárias para que a nossa vida fosse assim.

Nos resta, o que não é menos nobre, a mudança na atitude individual.
Afinal, é dando que se recebe.

“O amor é a única revolução verdadeira.
A única revolução verdadeira é o amor.”