quarta-feira, 15 de agosto de 2007

sofrer e crescer, crescer e sofrer

sofrer é crescer
e crescer é sofrer.

no fundo, mesmo que indiretamente, todos nós queremos sofrer.
pois todos, indiscutivelmente, trilham seus caminhos de dor buscando crescer...

sofrendo, estamos vivendo.
vivendo estamos crescendo.
e pra crescer, sofremos.

não vivemos pra sofrer.
mas sofremos pra viver.
pra nos conhecer.

e assim somos felizes.

=)

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

tudo passa

Vivemos muitas fases nessa vida. Tem momentos em que nada parece dar certo e, quando estamos assim, a sensação é de que aquilo nunca vai passar. Mas, como diz um amigo, na pele, “tudo vai passar”.

Há não muito tempo contei com um momento como esse. Muitas dúvidas e uma nuvem preta que parecia não querer ir embora. São sempre dias difíceis, mas também seguido da oportunidade de aprendizado e crescimento. Penso assim. E quando “tudo” realmente “passa”, a calmaria é bem gostosa de se viver.

Esse lance de “tudo vai passar” me lembrou uma história legal de contar. Não lembro muito bem dos detalhes, datas, nomes e nem se é fábula ou realmente aconteceu. Bom, a história que chegou a mim conta sobre um rei que ganhou um anel e gostaria de gravar uma frase que lhe ajudasse a refletir sobre todos os momentos de seu governo, fossem eles bons ou ruins, na busca de um reinado justo e são. Ele pensou em várias frases mas, antes de escolher aquela que seria gravada no anel, resolveu consultar-se com um antigo conselheiro. Após alguns dias o conselheiro visitou o rei com a sua sugestão e disse-lhe: “tudo vai passar”. O rei buscou entender a razão da escolha, pois, num primeiro momento, achou que a frase seria válida apenas para os momentos ruins. O sábio conselheiro explicou: “toda vez que você olhar pra essa frase deve lembrar de ficar sereno nos momentos de atribulação e humilde nos momentos de vitória”.

Bem legal, ne? Eu achei...

Voltando a minha história: no último fim de semana me toquei de como está sendo bom viver essa “calmaria”. E tenho um termômetro excelente pra isso: o trânsito. Fiz uma viagem curta e, tanto na ida, quanto na volta, nenhuma “barbeiragem” me afetou. Nos tempos dos “maus ventos”, me irrito facilmente com esse tipo de coisa. É algo mais forte do que eu e acho que tem até um pouco de genética nisso (risos). Mas sério, parece que os maus motoristas concentraram-se em fazer o mesmo caminho que o meu e no mesmo horário que eu. Nada me tirou o bom humor e a tranquilidade. Buzinas e faróis altos eram respondidos com sorrisos e acenos de positivo. Uma alegria só... até engraçado.

Bem melhor assim.

Acho que isso também é resultado de uma postura diferente. Tenho procurado estar mais aberto e interessado nos que estão a minha volta. Nada forçado. Algo que começou a surgir naturalmente e que tem me feito muito bem. Conhecer pessoas e ser parte de suas vidas é integrador. Boas energias!

Só não posso esquecer que tudo passa, tudo vai passar... e eu estarei pronto! =)

______

liberto

o que você pensou que seria
quando ria por outras vias do amor
ela não te preparou pro que vinha
e você jurou saber, jurou saber
tudo que fazia

cercado pelos lados
em frente é mais difícil ver
não quero lembrar do tempo
que o medo fez valer
a saudade de mergulhar no mundo

mas eu só nado no nada
do nada, pro nada
mas eu só nado no nada
do nada, pro nada

ela encheu o espaço de fantasia
dentro de casa agora a vida vive sem cessar
a escuridão que ela trouxe é bem vinda
sem qualquer perdão o tempo agora
corre ao meu favor

cercado pelos lados
em frente é mais difícil ver
não quero lembrar do tempo
que o medo fez valer
a saudade de mergulhar no meu viver

mas eu só nado no nada
do nada, pro nada
mas eu só nado no nada
do nada, pro nada


Tudo passa - Foto de Rodrigo Teixeira

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

cada paz + Yusuf Islam

Dia desses eu estava comentando com um amigo das antigas sobre o CD do Yusuf Islam, o novo nome adotado por Cat Stevens. A nova identidade vem da religião: ele converteu-se ao islamismo em dezembro de 1977.

Apesar de não ter religião, eu acho realmente interessante e positivamente intrigante quando vejo que alguém é bem resolvido com a sua fé. A maioria das pessoas que conheço, que não possuem religião, ficam buscando o que criticar quando novas correntes lhe são apresentadas. De uns tempos pra cá, procuro exatamente o contrário: encontrar o que é capaz de proporcionar paz e ignoro o que não entendo. Confesso que, devido a várias dúvidas e questionamentos, não sou bem resolvido com a minha fé. Isso não quer dizer que não tenho. Tenho sim, e muita, mas isso é outro papo.

Voltando a conversa sobre o novo trabalho de Yusuf Islam: é bom citar que esse meu amigo é bem mais velho do que eu. Ele viveu o tempo de grande sucesso do então Cat Stevens e, após 28 anos do último disco lançado, voltava a ter contato com um novo trabalho do artista.

Antes que me “contaminasse” com suas impressões, adiantei-me e comentei com ele que gostei demais do disco. Achei boas as letras, a pegada, o cuidado com cada arranjo, a mistura com o “som islâmico” e a paz transmitida em forma de música. Ele também me passou suas impressões: disse-me que gostou bastante do disco e que, com este trabalho, o “tal Yusuf Islam voltava a ser Cat Stevens”, numa forma de criticar o retiro mais que espiritual do ser humano Stevens (antes do artista).

Achei o tom do comentário bem maldoso e etnocêntrico. Cat Stevens viveu como músico desde a adolescência, sempre em companhia da preocupação de lançar um novo disco, sem conseguir olhar para sua própria vida. Foi então que descobriu o islã: “para mim, ter uma vida era importante e finalmente consegui. Era minha oportunidade de voltar à raça humana”. Palavras do próprio Yusuf Islam.

Mas meu amigo, na certeza ocidental dele, disse-me que Cat Stevens “ficou maluco” e estava parecendo o Osama Bin Laden. Uma citação bem sacana, totalmente embasada e centralizada na sua cultura, nessa nossa cultura. Supreso com o discurso preferi deixar uma pergunta comigo: será que se ele tivesse nascido em uma região de maioria islâmica, a opção de Cat Stevens seria assim tão “maluca”? Neste caso, certamente, “maluca” seria a avaliação da sua fase antes do islã. Aí nasce e vive o radicalismo e a falta de compreensão.

Temos essa mania de julgar as pessoas sem viver suas vidas, sem conhecer seus “porquês”. Quando se trata de um artista, parece que a exigência dobra de tamanho. Impera a intransigência e falta kilos de sensibilidade.

Se ele mudou de nome, se deixou de gravar novos discos, se abandonou os fãs... nada disso impota. O que fez Cat Stevens foi bem bonito e grande. Mais que isso, engrandecedor. Durante esses 28 anos ele se dedicou em cuidar da família, além do amparo e educação a jovens órfãos do mundo islâmico, atingidos pelo conflito entre árabes e israelenses e pela pobreza extrema. Por mais positiva e nobre que fosse sua intenção, o novo rumo adotado por ele foi um escândalo na época. Vai entender...

Deixo aqui a minha indicação: vale a pena escutar e viajar (sem pré-conceitos) no CD entitulado “An other cup”, de Yusuf Islam (e não mais Cat Stevens). Cheio de sensibilidade, boas intenções e vibrações positivas. Cheio de coisas que faltam no mundo de hoje e nas pessoas.

terça-feira, 24 de julho de 2007

permita-sa conhecer

Todos nós, independentemente de raça, sexo, poder aquisitivo ou classe social, temos a péssima mania de julgar as pessoas antes de as conhecermos ou até mesmo após um conhecimento superficial e, dessa forma, inconsistente para a tomada de qualquer partido.

Eu sou o tipo de pessoa que não tenho qualquer “pé atrás” quando conheço alguém. Me entrego mesmo a uma amizade, seja na rua ou no trabalho. Reconheço que muitas vezes já me decepcionei bastante por achar que todo mundo é meu amigo, mas acho que é ainda pior começarmos qualquer relação com algum tipo de proteção.

Ainda assim, sempre existem aquelas pessoas que “não vamos com a cara”, ou que uma pequena atitude que vá de encontro com as nossas tais “verdades” seja o suficiente para um julgamento prematuro. É nesse momento que o(a) sujeito(a) passa a ser, injustamente, incoveniente, adjetivo este muito forte, na minha opinião.

E as pessoas estão cada vez mais egoístas no que diz respeito a oportunidade de viver uma experiência com quem passa, mesmo que superficialmente, em suas vidas. Esquecemos que todo mundo tem alguma coisa boa, algo que possa nos acrescentar ou simplesmente divertir. Quando “fechamos a cara” para aquelas pessoas que “não vamos com a cara”, perdemos a oportunidade de viver um pouco do que ela é. Nem levamos em conta que, sendo tão diferente do outro, isso pode ser ainda mais enriquecedor. Acreditem! Basta que os pré-conceitos fiquem de lado.

Vou explicar a razão deste post:

Diariamente, para ir e voltar do trabalho, eu pego uma van. É um serviço fechado por mês com os 15 passageiros. Ou seja, nos vemos 2 vezes durante 5 dias úteis da semana.

Os 15 passageiros tem perfis completamente diferentes uns dos outros: tem “o engraçado”, “a quietinha”, “a perua”, “o gago”, “a faladeira”, “o malandrão”, entre outros. Há algum tempo eu me encaixava no “anti-social”. Não por mal (ou mau), mas é que são dois momentos complicados em termos de animação nos meus dias: logo após acordar (com sono) e depois do trabalho (cansado e com sono). Então, geralmente, entrava na van, dava o tradicional “bom dia” e seguia para o meu assento. Colocava o fone no ouvido, fechava os olhos e só acordava perto do trabalho. Na volta, o mesmo ritual, com a mudança do “bom dia” pelo “boa noite”. E só. Nos raros dias em que não me alienava com o MP3 player, sempre me dei bem com todos. Sempre superficialmente. Em alguns momentos, querendo dormir, até me incomodava um pouco as conversas mais empolgadas. No fundo, acho que eu pensava que a minha “experiencia musical” e meu sono seriam mais válidos nesses momentos. Grande engano!

Há uns 3 meses, com preguiça de trocar as músicas do player e cansado de repetí-las, resolvi deixar o fone de lado pra conhecer um pouco mais daqueles que estavam por todos os dias ao meu lado. Uma conversa aqui, outra ali, uma brincadeirinha acolá e, em pouco tempo, respeitando as diferenças, ou melhor, vivendo-as, já não conseguia passar aqueles dois períodos diários com a música nas idéias. Depois vieram apelidos de cada um, os “hinos” da van e a tradicional cerveja toda sexta-feira, na volta pra casa! Tudo resultado de uma troca incrível, que faz com que o trânsito de todo dia passe sem que percebamos.

No último sábado aconteceu o “churrasco da van”. Somente um passageiro-amigo não pode ir. O resto do pessoal compareceu e tivemos um dia divertidíssimo. Em um momento do churrasco parei para observar todos os sorrisos que me rodeavam. Lembrei-me de tudo que eu perdi até 3 meses atrás. Tenho sorte de contar com este ambiente aparentemente tão pequeno que se tornou grande e engrandecedor.

Não há nada tão mágico quanto pessoas e suas vidas. E a troca dessa magia é fantástica. Somos seres humanos, não esqueçam! E se hoje esse blog pretende dar uma dica, lá vai: não se feche para quem passa na sua vida, seja lá onde for. Tente aproveitar isso. Deixe aquele inevitável julgamento prévio de lado e permita-sa conhecer.

A outra dica é: escutem o CD novo do Travis (The Boy With no Name).
Destaque para a música Battleships. Uma obra de arte.

=)


sexta-feira, 20 de julho de 2007

ideologia do mais

O mercado como um todo vive uma ideologia muito louca: a “ideologia do mais”.

Todas as empresas possuem planejamentos anuais que seguem as métricas das metas de participação de mercado e faturamento. Então, entra ano, sai ano, enquanto aquelas metas não forem alcançadas, vão existir executivos cobrando esses resultados. Na grande maioria das empresas e aí que vive o lado “feio” e “sujo” da coisa.

Antes de qualquer coisa, vale dizer que não sou contra o sistema capitalista. Sou contra sim o sistema capitalista, de velocidade e, cada vez mais, falta de qualidade, em que vivemos há alguns anos.

Não vejo problema nenhum em uma empresa criar um produto ou serviço e oferecê-lo a sociedade, principalmente se isso pode fazer as pessoas viverem melhor ou até provocar uma alegria instantânea. Não há problema nenhum em alegrar-se pela comprar de um carro novo, por exemplo. Os conceitos precisam ser revistos quando momentos como esse passam a ser metas na nossa vida, quando o nosso sonho passa a ser “ter o carro X” (tem um pouco disso no texto “sentiment o meu”, aqui no blog). Mais complicado ainda é entender porque esse tipo de “sonho material” passa a margear a vida das pessoas.

Vamos voltar ao início do texto usando números de forma ilustrativa. A empresa X começa suas atividades no Brasil para venda do carro X. Um carro de qualidade, confortável e que possui um objetivo, um sentido: locomover. O objetivo da empresa é, em um ano, vender 100 unidades desse carro por mês. Assim, a empresa consegue manter-se financeiramente saudável e consegue alcançar 10% do mercado de automóveis no país. Beleza: bom produto e metas estabelecidas. Chegou o momento de vender.

Para alcançar as metas que foram estabelecidas, a empresa precisa comunicar o lançamento do carro X e suas características (motor, conforto, design, performance, etc). Até então, propagandas em diversos meios oferecendo tudo que o carro X tem. No primeiro ano, a média de vendas do carro X é de 120 unidades por mês, ou seja, 20 unidades além da meta que foi estabelecida. Um sucesso! A empresa fecha o ano no azul e é hora de programar o ano que vem: melhorias para o carro X, talvez uma nova versão. “Precisamos vender mais... precisamos crescer”. Olha a “ideologia do mais aí". E vem a meta para o ano seguinte: 300 unidades do novo carro X, XHT, 3.9, turbo, HYZ4 Max (sempre um nome que não entendemos) por mês. Para alcançar essa meta, a empresa precisa ir além da propagandinha do ano passado. “Precisamos criar valor pro carro”. Mas peraí! O carro já tem o seu valor: custa 30.000 Reais, certo?. “Não, imbecil, precisamos mostrar pras pessoas que só os bons, os malandros, espertos, bonitos, sarados inteligentes e fodas podem ter o novo carro X, XHT, 3.9, turbo, HYZ4 Max. Além disso, esse ano o carro vai custar 40.000 Reais”.

E então vem aquela porrada de comunicação nas idéias dizendo resumidamente que se você não tem o carro X, XHT, 3.9, turbo, HYZ4 Max, você é um merda. Como todo mundo quer ser bom, malandro, esperto, bonito, sarado, inteligente e foda, tudo isso acaba afetando com os objetivos de cada um. A “ideologia do mais” faz com que as empresas percam um pouco (ou muito) do bom senso na intenção de alcançar metas cada vez maiores. Pode-se estar indo tudo bem, mas é pensar pequeno demais (a tal da “falta de ambição”) querer administrar um certo patamar. Não importa que valores sem valor e modelos sem sentido sejam criados para se conseguir mais. Na verdade, quando se tem o poder de compra de qualquer tipo de mídia possível e imaginável, tudo passa a ter bastante sentido. Basta que seja veiculado na TV o artista da vez dirigindo o tão sonhado carro X, XHT, 3.9, turbo, HYZ4 Max.

Dessa forma, cada dia mais, nos tiram humanidade para nos transformarem apenas em consumidores. Alienados. Reféns das empresas e dos meios de comunicação.

Taí, meios de comunicação. Um bom assunto, complementar a este, para o próximo post.















No som – “sentiment o meu” - Libertu

segunda-feira, 16 de julho de 2007

liberdade

O que significa liberdade pra você?

Liberdade é, sem dúvida nenhuma, um sonho nada prático que milhares de pessoas vivem. É certo que o ser humano tem necessidade de ser livre, de não ter “o rabo preso” no que diz respeito a suas atitudes e impulsos.

Quando falo de liberdade, não me refiro a alguma em especial. Busco a definição da palavra liberdade no dicionário, vamos lá: faculdade de uma pessoa poder dispor de si, fazendo ou deixando de fazer por seu livre arbítrio qualquer coisa; gozo dos direitos do homem livre; independência; autonomia; permissão; ousadia. Agora me responda: você tem liberdade na sua vida?

Vivemos numa sociedade, em conjunto. Isso é fato. Dentro dessa sociedade, adotamos seus deveres para que possamos viver bem dentro dela. Aí vem a contradição: como alcançar a liberdade dentro da sociedade em que vivemos?

Vejo a vida como um mundo de possibilidades que estão a mercê das escolhas que fazemos. Vejo a liberdade como o maior capacitador de crescimento e aprendizado da alma. Será que minhas escolhas são as melhores? Será que “gozo dos direitos do homem livre”?

E ainda precisamos lembrar da linha tênue que separa essa busca pela liberdade do egoísmo. Da mesma forma que precisamos pensar em nós, pensar nos outros é mais que necessário e a condução desses extremos será definida somente por quem vive e por suas escolhas. Não tem jeito.

Todos esses contratempos são válidos e necessários para o estabelecimento das nossas certezas e estas são as responsáveis pelos nossos atos. Somos como um faminto sob uma grande árvore, onde cada fruto significa um momento das nossas vidas. Temos que saber distinguir quais estão maduros a ponto de nos alimentar saudavelmente. As vezes magoamos a nós e aos outros quando nos antecipamos à natureza e comemos um fruto ainda “verde”. Também não podemos deixar que os momentos “apodreçam” em nossas vidas. E vale lembrar que quem decide sobre o momento de comer cada fruto somos nós.

Em tempo: Estátua da Liberdade?! Como diria o "antipropaganda": tá de ácido...



quarta-feira, 11 de julho de 2007

presente de problema

Como a gente se engana nessa vida. A família Bonile que o diga.

Há alguns anos, a família Bonile passava por uma fase muito triste, de poucos sorrisos. Vários acontecimentos como distância física e espiritual de seus membros, separações e dificuldades financeiras margearam a vida de todos. Como se já não bastasse, a mais nova desta família, Adriana Boline, engravidou acidentalmente aos 20 anos, fruto de seu namoro com o jovem Patrício.

Foi a gota d’água. O que já parecia confuso e insulucionável ganhava mais força com essa nova vida que estava por vir e não era bem-vinda. De uma hora pra outra, todos os problemas que já os afligiam dobraram de peso e tamanho e ninguém conseguia ver qualquer possibilidade positiva, de um futuro mais tranquilo. Todos só pensavam em si, em como aquela vida os atrapalhariam nas suas formas individuais e nos custos que ela traria. Pensaram também em como os vizinhos e a sociedade iria encarar uma jovem adulta, ainda imatura, sem uma profissão e com uma criança em seu colo. Não buscaram qualquer solução que os ajudassem a passar por aquela prova juntos. Dessa forma a família Bonile viveu os três primeiros meses de gravidez de Adriana.

Aos poucos, a gravidez começou a seduzir todos na família. Naturalmente, vieram a preocupação com a saúde de Adriana e de sua criança, os cuidados, os planos e sorrisos. Não havia qualquer Bonile, seja dentro daquela casa ou até mesmo os que moravam distantes, que não cruzasse com um bebe e não parasse para refletir naquela mudança, que, sem que percebessem, passava a ser encarada como positiva.

Do quarto ao sexto mês de gravidez. Esse foi o tempo suficiente para que todos os problemas por que passavam os Bonile, relatado no início do texto, fossem resolvidos. Todos queriam estar perto de Adriana e de seu filho e isso fez com que os encontros da família inteira passasse a ser cada vez mais frequente. O “aperto” financeiro foi necessário e encarado com prazer. Agora, a família Bonile conseguira reconquistar a sua paz.

Essa é uma história real. Uma prova de que, quando parece que não existe solução para os problemas da nossa vida, com união e amor, tudo torna-se possível. No caso dos Bonile, o grande “problema” passou a ser solução e responsável por, independente da situação ou distância, trazer de volta a felicidade.

Hoje, o pequeno Elias tem 2 anos e adora ficar na casa da vovó nos fins de semana. Adriana e Patrício continuam juntos, crescendo.
___

teu mundo

abri a porta e te vi ali
num sono tão lindo
e não pude te acordar.

há algum tempo o mundo
parecia cair
sobre as costas de quem
estava a te esperar.

chora, vai
e antecipa o que o mundo lá fora
vai te fazer sofrer.
chora, vai
limpa essa tristeza e muda a história
de quem vive pra você.

lágrimas com o poder
de nos fazer voltar a sorrir
de portas fechadas.

e o que é te ter
olhando pra mim,
pedindo que eu não pegue a estrada
pra cuidar de ti e da nossa casa.

quem está a tua volta
antes tão distante
mas agora em torno de ti, se transforma
em uma família
de um coração vil...
com um coração vil...

chora, vai
e antecipa o que o mundo lá fora
vai te fazer sofrer.
chora, vai
limpa essa tristeza e muda a história
de quem vive pra você.
chama, vai
pela madrugada
que não incomoda
e traz de volta a nossa paz.










A Família (Tarsila do Amaral)

segunda-feira, 9 de julho de 2007

copa das 7 maravilhas do mundo

E não é que o Cristo Redentor foi eleito uma das novas 7 maravilhas do mundo?

Confesso, desde já, que não digeri o todo que me fizeram engolir sobre esse assunto, comunicado em tudo quanto é lugar nas últimas semanas. Posso estar sendo chato, cricri e do contra, mas se toda essa mobilização acontecesse também para coisas sérias e urgentes no nosso país... enfim.

É aquele velho papo do Brasil da Copa do Mundo e do outro Brasil. No Brasil da Copa, somos um país incrível, unido em busca de um único ideal. No outro, somos egoístas e nunca é possível estabelecer uma meta de mudança sobre tudo que indiscutivelmente é ruim para o povo. Vejo essa eleição do Cristo como uma nova maravilha do mundo num esquema bem parecido com o que temos na Copa.

Quando soube disso, acho que no ano passado, a primeira pergunta que me veio e, até então, ninguém conseguiu me responder foi: porque uma eleição das “novas” 7 maravilhas do mundo? Porque novas? Independetemente se seis dos sete admiráveis monumentos e esculturas da antiguidade terem desaparecido, elas existiram e foram tidas como maravilhosas. Será expirou a validade destas 7 maravilhas? Porque 7 e não 6 ou 8 maravilhas? Porque, num mundo tão incrivelmente cheio de maravilhas, somente 7 são eleitas?

Mas beleza, o tempo foi passando e o negócio foi crescendo de tamanho. Comecei a ver empresas anunciarem que faltava pouco tempo pra votar, associando suas marcas ao feito. Escutava papos sobre a votação entre amigos e parentes, em casa e no trabalho, enfim, tínhamos uma grande mobilização, como na Copa do Mundo.

Para não ser aquele que rema contra a maré pensei: “bom, o Cristo tá lá, na dele, nunca me fez mal algum, é candidato (?) a uma das 7 (??) novas (???) maravilhas (????) do mundo (?????!!!!!), melhor eu deixar de lado todo esse questionamento que, pelo visto, é sem sentido, ir no tal site e votar”.

Pois foi isso que fiz: vesti minha camisa verde amarela, liguei o computador (Brasil! Brasil!), entrei no site e, no curto tempo de espera do carregamento da página, tentei incorporar “aquela” animação e fiquei imaginando a “festa verde e amarela” pela vitória do Cristo. Quando a página com todas as candidatas abriu, fiquei estático! De todas as candidatas (sei lá, umas 20), eu só tinha visitado 2: o Cristo e Machu Picchu. Como eu poderia votar no Cristo como uma das melhores se eu só conhecia as outras por textos e fotos? Não é justo com as outras candidatas... O encanto foi quebrado e não consegui votar.

Comentava isso na semana passada com uns amigos e um deles me disse: “cara, você não tem noção de como essa vitória pode ser benéfica para o Rio de Janeiro em faturamento com turismo?”. Ah, sim... o Cristo já existe há mais de 50 anos mas agora, com o slogan “Visite uma das NOVAS 7 maravilhas do mundo!” os turistas vão bombar por aqui. Por falar em bombar, será que os turistas também vão achar a violência em que vivemos uma maravilha?

De qualquer forma, o Cristo não precisou do meu voto e, se você é brasileiro como eu, Parabéns! Somos campeões da Copa das 7 maravilhas do mundo!

É realmente uma maravilha.
E só. E ponto.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

saber errar

Sou feliz por me permitir errar. Por arriscar e me lançar ao erro.
Mas quando me arrisco, me lanço e erro, o faço buscando acertar.
Tento chegar onde pensei e, se não alcanço, tento novamente.
A cada tentativa, olho pra frente e ganho vida.
A cada erro, ganho um novo caminho pra tentar.
Enquanto não acerto, ganho com o erro, ganha minha vida.
Enquanto meu coração não descançar, vou errar e errar e errar.
Tenho espaço pra errar.

O erro só não existe quando o ser humano acaba.

E quem disse que você não pode errar?

--------

Fala que tem medo de olhar
Cega a vida pra conseguir
Descobrir um jeito de ver
Mais um novo jeito de ser
Correto, sincero, direito
Sempre tentando se esconder
Do que? Por que?

E quem disse que você não pode errar?

E o que é ser humano por aqui
Acreditar na tal realidade
E em ser conquistado
Pelas vontades de ganhar

E se dizer feliz
Se é pra ficar tão preso
Não tem nenhum sentido

E quem disse que você não pode errar?

Se a voz está no seu querer e não existe nunca
Pra “insensatez” ou pra tudo que se quer fazer
Eis que uma voz tenta me calar
Mas não vou me perder
E nem quero me perder

E quem disse que você não pode errar?

segunda-feira, 2 de julho de 2007

cultura cura, arte também

Nesta última semana busquei conhecer toda e qualquer tipo de fonte alternativa de leitura pela internet. Quando digo fonte alternativa, me refiro aos vários blogs e sites pessoais espalhados pela rede. É incrível a quantidade de coisas legais que se encontra, envolvendo vários tipos de informação. Na maior parte das vezes, trata-se de críticas e reflexões em vários formatos como pinturas, charges, poesia, contos, prosas, música e etc. Indo mais além, visitando sites pessoais em outros países, percebe-se que essa “necessidade” de expressão também acontece de uma forma igualmente interessante. Olha aí uma das boas experiências da globalização

Sei lá, pode ser uma grande utopia, mas seria incrível se toda essa gente pudesse se encontrar pra pensar e se expressar junto, pra criar e praticar cultura.

Hoje vivemos uma grande massificação do que é novo. Tudo parece sair em série, de fábrica e com data de validade curta. É aquele papo que escutamos muito dos nossos avós: “antigamente as coisas eram melhores, tinham mais qualidade”, e a cultura se inclui nisso. Na minha opinião, a quantidade de focos que envolvem cultura no Rio de Janeiro, por exemplo, é pequena. Como uma também precursora de educação, a cultura deveria ter mais espaço de acesso para a população, principalmente aquela parte que não tem muito acesso a ingressos. Eu não tenho dúvidas da existência de pessoas que possam tornar isso real.

A arte é um meio excepcional para passar mensagens envolvendo valores realmente humanos, de valorização de si e do outro. A arte envolve e te faz ver o mundo por outros ângulos. É capaz de ensinar da maneira mais leve e agradável. Te faz, rir, chorar, pensar e te proporciona a interpretação que chega mais perto da sua experiência de vida. Acho sinceramente que as pessoas seriam mais sensíveis e humanas se houvesse mais contato com a arte.

De qualquer forma, é muito bom ver que existe uma corrente muito forte de pessoas movendo cultura e participando de circuitos que oferecem novidades engrandecedoras da alma. Há uns dois anos, encontrei um antigo professor meu em um show no Circo Voador (casa de shows – RJ) de uma banda que não toca na rádio e não tem exposição na mídia como um Skank ou Jota Quest, por exemplo. Nesse dia, ele me falava de algo realmente interessante: não havia sido veiculada qualquer mídia de massa na divulgação daquele evento mas a casa estava lotada. Isso mostra que muitas pessoas já não se contentam com o que é oferecido pelos meios de massa (pelo tal padrão) e estão buscando outras opções de entretenimento e informação (e vice-versa). E é inegável que arte é muito importante nesse movimento.

Com mais arte, criação e movimentação de cultura, acho que veríamos menos episódios como esse do espancamento da empregada doméstica. Citei como exemplo. Isso nem merece ser comentado: não é papo para debate ou convencimento. Infelizmente, a cada dia, vivemos situações em que não existem pontos de vista. Tratam-se de casos totalmente certos ou totalmente errados. Com esse, com certeza, o único ponto a se discutir é como algo assim pode acontecer, ou seja, como isso começa e se desenvolve. Mas isso é outro papo.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

sentiment o meu

Muitas vezes nós, seres demasiadamente humanos, nos vemos divididos entre razão e emoção, sonho e realidade, terra e ar. Uma vida sem as variáveis relacionadas a grana e estabilidade, na maioria dos casos, nos daria cursos distindos e mais de acordo com os nossos sonhos. Mas temos que pagar as contas no fim do mês, temos que comprar um carro novo e temos que “crescer”.

É muito difícil, depois de tanta cultura do “crescer” saber separar a “exigência sócio-econômica” e a vaidade que nos plantam dos nossos verdadeiros sonhos. Quando percebe-se, você está sonhando com um cargo melhor, com um carro melhor, com uma casa melhor e assim vamos crescendo pros lados, pouco pra frente. Você já se questionou se seus sonhos estão de acordo com seus sentimentos? Se seus sonhos são realmente seus? É a realização desses sonhos que fará você dormir com a sensação tranquila de ter feito o máximo por aqui e por você?

É preciso coragem pra seguir e assumir nossos sentimentos. Admiro quem o faz e os tenho como referência. Um dia eu chego lá.

Enquanto isso, sigo sonhando.

...

em cada sentimento meu
um sonho desgarrado
desperta uma contradição
um novo aprendizado
que possa me levar
mais perto do lugar
que me permita conhecer...

... cada sentimento meu
buscando liberdade
em meio a vaidade
que ofusca a coragem
pra seguir
e encontrar, e encontrar
um novo sentimento meu...

...que me faz parte
e me reparte
em dever e arte
e no fim devo rever
quem deixo aparecer...

...pois quem não tem vergonha é mais feliz,
é mais feliz.
escuta o que o sentimento diz,
é mais feliz.

em cada sentimento meu
um sol desafinado
um lá menor, um dó maior
não tenho dó do meu
maior pecado
que é desconhecer
e não reconhecer...

...um bobo sentimento meu...

...que me faz parte
e me reparte
em dever e arte
e no fim devo rever
o que vai me deixar viver...

...pois quem não tem vergonha é mais feliz,
é mais feliz
escuta o que o sentimento diz,
é mais feliz.

...














O peso de um sentimento (Karla Testa)

quinta-feira, 28 de junho de 2007

introdução

Hoje eu voltei a ter e escrever em um blog. Há poucos anos (2003), criei o meu primeiro blog. Na época, senti uma necessidade de fazer algum tipo de arte, de expressar-me de alguma forma. Antes, vale lembrar que sou músico e vivia, há aproximadamente um ano, um vazio artístico completo graças ao fim da banda que eu tocava. Eu pensava, pensava, pensava e não mais criava. Então, sem qualquer pretensão de público e comentários, num belo dia resolvi fazer um blog. Lembro-me que era bom demais: adorava fazer os textos, postar e ficava lendo, relendo e aquilo já fazia valer a pena.

Ninguém no trabalho sabia e só divulguei pros melhores amigos. Esses indicaram os textos pra outros amigos e, em um mês, o blog já bombava de gente. Depois, não sei como, minha família descobriu que escrevia e, além de um belo esporro (sabe como é mãe, né? acha tudo que o filho faz bonito e eu tive que ouvir um “poxa meu filho, você faz uns textos tão legais e não avisa nada pra gente?!”), indicavam o endereço. com aquele típico orgulho familiar. Também passei a ser indicado em vários outros blogs legais e indicava um monte de gente no meu. Passei a fazer parte de uma rede muito interessante. Enfim, pra expectativa que eu tinha, o treco tomou proporções gicantescas! Mas não há do que reclamar pois, por mais inesperado, era legal ler os comentários da galera e viver aquela interação. Afinal, ta pra nascer o cara que pensa em arte só pra ele. Se eu, lá no fundo, não quisesse dividir o conteúdo com alguém, que salvasse no computador e ponto.

Sei que lá pelo final de 2003, mudei de emprego (era estágio na época) e fui trabalhar em uma empresa que exigia muito mais tempo de mim. Além do mais, era último período da faculdade e, quando percebi, tinha largado aquele que passou a ser um excelente passa-tempo. Quando parei de escrever, as pessoas me cobravam atualizações e eu sempre respondia, com a cara mais lavada, que “depois que a poeira baixar, eu volto a postar”. A frase virou até bordão de tão comunicada. E, convenhamos, esse é o típico pronunciamento de quem não voltará a fazer. É aquela típica situação da pessoa que diz que precisa voltar pro curso de inglês, ou precisa voltar a praticar esportes ou precisa voltar pro regime. Me desculpe o termo mas, porra nenhuma! A grande maioria não volta mesmo! De qualquer forma, pouco tempo depois eu voltei a tocar, compor e não parei até hoje. Penso que esse “espaço”, essa necessidade de expressão e arte estava, de alguma forma, preenchida.

Mas eu quero mais. E hoje voltei a escrever. E eu disse que eu voltaria, lembram? Tudo bem que a “poeira” já baixou, levantou, baixou de novo e isso é um ciclo inevitável, não tem jeito. Mas eu voltei.

Bom, comecei esse texto pra dar a deixa sobre o que pretendo postar por aqui. Hoje, espero fazer desse espaço de um mix de pensamentos, reflexões, coisas do cotidiano e, claro, música. Espero dividir toda arte que se manifesta em mim, seja ela de enredo verdadeiro ou fictício. Pode ser que o espaço venha a ser usado para outros fins... sei lá. Só o tempo vai dizer o que isso pode se tornar. O bom é que, só de começar a escrever, a cabeça vai trabalhando e idéias de textos vão rapidamente surgindo. Aos poucos vou colocando uns links de lugares legais onde pode-se ter ótimas experiências com uma boa leitura ou uma boa música. Devagarzinho também vou dando uma cara pro espaço.

Procurei o endereço do outro blog para postar aqui e não encontrei. Acho que a inatividade fez com que tirassem o coitado do ar. E o pior é que eu não tenho nem um backup dos textos. Mas deixa estar.

Indicações de hoje (de onde eu tirei isso? empolguei-me...):
- Livro: Santa Maria do Circo (David Toscana)
- Filme: O labirinto de fauno
- Música: O Teatro Mágico (
www.oteatromagico.mus.br)
- TV: Programa Re[corte] Cultural - TVE Brasil

Até amanhã, gente rara.

início

Começou.

Resolvi subir novamente na pedra mais alta.
Resolvi voltar a variar e agir sobre o mesmo tema,
a vida.
Não só a minha vida, mas sobre a vida.
Sobre a vida e sob a vida.
Seja bem vindo.
Sinta-se à vontade.