quarta-feira, 15 de agosto de 2007

sofrer e crescer, crescer e sofrer

sofrer é crescer
e crescer é sofrer.

no fundo, mesmo que indiretamente, todos nós queremos sofrer.
pois todos, indiscutivelmente, trilham seus caminhos de dor buscando crescer...

sofrendo, estamos vivendo.
vivendo estamos crescendo.
e pra crescer, sofremos.

não vivemos pra sofrer.
mas sofremos pra viver.
pra nos conhecer.

e assim somos felizes.

=)

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

tudo passa

Vivemos muitas fases nessa vida. Tem momentos em que nada parece dar certo e, quando estamos assim, a sensação é de que aquilo nunca vai passar. Mas, como diz um amigo, na pele, “tudo vai passar”.

Há não muito tempo contei com um momento como esse. Muitas dúvidas e uma nuvem preta que parecia não querer ir embora. São sempre dias difíceis, mas também seguido da oportunidade de aprendizado e crescimento. Penso assim. E quando “tudo” realmente “passa”, a calmaria é bem gostosa de se viver.

Esse lance de “tudo vai passar” me lembrou uma história legal de contar. Não lembro muito bem dos detalhes, datas, nomes e nem se é fábula ou realmente aconteceu. Bom, a história que chegou a mim conta sobre um rei que ganhou um anel e gostaria de gravar uma frase que lhe ajudasse a refletir sobre todos os momentos de seu governo, fossem eles bons ou ruins, na busca de um reinado justo e são. Ele pensou em várias frases mas, antes de escolher aquela que seria gravada no anel, resolveu consultar-se com um antigo conselheiro. Após alguns dias o conselheiro visitou o rei com a sua sugestão e disse-lhe: “tudo vai passar”. O rei buscou entender a razão da escolha, pois, num primeiro momento, achou que a frase seria válida apenas para os momentos ruins. O sábio conselheiro explicou: “toda vez que você olhar pra essa frase deve lembrar de ficar sereno nos momentos de atribulação e humilde nos momentos de vitória”.

Bem legal, ne? Eu achei...

Voltando a minha história: no último fim de semana me toquei de como está sendo bom viver essa “calmaria”. E tenho um termômetro excelente pra isso: o trânsito. Fiz uma viagem curta e, tanto na ida, quanto na volta, nenhuma “barbeiragem” me afetou. Nos tempos dos “maus ventos”, me irrito facilmente com esse tipo de coisa. É algo mais forte do que eu e acho que tem até um pouco de genética nisso (risos). Mas sério, parece que os maus motoristas concentraram-se em fazer o mesmo caminho que o meu e no mesmo horário que eu. Nada me tirou o bom humor e a tranquilidade. Buzinas e faróis altos eram respondidos com sorrisos e acenos de positivo. Uma alegria só... até engraçado.

Bem melhor assim.

Acho que isso também é resultado de uma postura diferente. Tenho procurado estar mais aberto e interessado nos que estão a minha volta. Nada forçado. Algo que começou a surgir naturalmente e que tem me feito muito bem. Conhecer pessoas e ser parte de suas vidas é integrador. Boas energias!

Só não posso esquecer que tudo passa, tudo vai passar... e eu estarei pronto! =)

______

liberto

o que você pensou que seria
quando ria por outras vias do amor
ela não te preparou pro que vinha
e você jurou saber, jurou saber
tudo que fazia

cercado pelos lados
em frente é mais difícil ver
não quero lembrar do tempo
que o medo fez valer
a saudade de mergulhar no mundo

mas eu só nado no nada
do nada, pro nada
mas eu só nado no nada
do nada, pro nada

ela encheu o espaço de fantasia
dentro de casa agora a vida vive sem cessar
a escuridão que ela trouxe é bem vinda
sem qualquer perdão o tempo agora
corre ao meu favor

cercado pelos lados
em frente é mais difícil ver
não quero lembrar do tempo
que o medo fez valer
a saudade de mergulhar no meu viver

mas eu só nado no nada
do nada, pro nada
mas eu só nado no nada
do nada, pro nada


Tudo passa - Foto de Rodrigo Teixeira

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

cada paz + Yusuf Islam

Dia desses eu estava comentando com um amigo das antigas sobre o CD do Yusuf Islam, o novo nome adotado por Cat Stevens. A nova identidade vem da religião: ele converteu-se ao islamismo em dezembro de 1977.

Apesar de não ter religião, eu acho realmente interessante e positivamente intrigante quando vejo que alguém é bem resolvido com a sua fé. A maioria das pessoas que conheço, que não possuem religião, ficam buscando o que criticar quando novas correntes lhe são apresentadas. De uns tempos pra cá, procuro exatamente o contrário: encontrar o que é capaz de proporcionar paz e ignoro o que não entendo. Confesso que, devido a várias dúvidas e questionamentos, não sou bem resolvido com a minha fé. Isso não quer dizer que não tenho. Tenho sim, e muita, mas isso é outro papo.

Voltando a conversa sobre o novo trabalho de Yusuf Islam: é bom citar que esse meu amigo é bem mais velho do que eu. Ele viveu o tempo de grande sucesso do então Cat Stevens e, após 28 anos do último disco lançado, voltava a ter contato com um novo trabalho do artista.

Antes que me “contaminasse” com suas impressões, adiantei-me e comentei com ele que gostei demais do disco. Achei boas as letras, a pegada, o cuidado com cada arranjo, a mistura com o “som islâmico” e a paz transmitida em forma de música. Ele também me passou suas impressões: disse-me que gostou bastante do disco e que, com este trabalho, o “tal Yusuf Islam voltava a ser Cat Stevens”, numa forma de criticar o retiro mais que espiritual do ser humano Stevens (antes do artista).

Achei o tom do comentário bem maldoso e etnocêntrico. Cat Stevens viveu como músico desde a adolescência, sempre em companhia da preocupação de lançar um novo disco, sem conseguir olhar para sua própria vida. Foi então que descobriu o islã: “para mim, ter uma vida era importante e finalmente consegui. Era minha oportunidade de voltar à raça humana”. Palavras do próprio Yusuf Islam.

Mas meu amigo, na certeza ocidental dele, disse-me que Cat Stevens “ficou maluco” e estava parecendo o Osama Bin Laden. Uma citação bem sacana, totalmente embasada e centralizada na sua cultura, nessa nossa cultura. Supreso com o discurso preferi deixar uma pergunta comigo: será que se ele tivesse nascido em uma região de maioria islâmica, a opção de Cat Stevens seria assim tão “maluca”? Neste caso, certamente, “maluca” seria a avaliação da sua fase antes do islã. Aí nasce e vive o radicalismo e a falta de compreensão.

Temos essa mania de julgar as pessoas sem viver suas vidas, sem conhecer seus “porquês”. Quando se trata de um artista, parece que a exigência dobra de tamanho. Impera a intransigência e falta kilos de sensibilidade.

Se ele mudou de nome, se deixou de gravar novos discos, se abandonou os fãs... nada disso impota. O que fez Cat Stevens foi bem bonito e grande. Mais que isso, engrandecedor. Durante esses 28 anos ele se dedicou em cuidar da família, além do amparo e educação a jovens órfãos do mundo islâmico, atingidos pelo conflito entre árabes e israelenses e pela pobreza extrema. Por mais positiva e nobre que fosse sua intenção, o novo rumo adotado por ele foi um escândalo na época. Vai entender...

Deixo aqui a minha indicação: vale a pena escutar e viajar (sem pré-conceitos) no CD entitulado “An other cup”, de Yusuf Islam (e não mais Cat Stevens). Cheio de sensibilidade, boas intenções e vibrações positivas. Cheio de coisas que faltam no mundo de hoje e nas pessoas.