Há uma semana resolvi revisitar os textos que escrevi por aqui até hoje. Desde agosto do ano passado, quando postei o último texto, não escrevi mais. Esses “vazios” sempre aparecem e eu já não brigo mais com eles. Se eles vieram, certamente é porque preciso dar uma parada mesmo e até porque esse espaço é destinado a uma pratica extremamente prazerosa.
De qualquer forma, o que me fez voltar por aqui foi um assunto bem parecido com esse último post aí de baixo: a necessidade de doação (independente do tipo) ao próximo.
Há 15 dias 3 pequenos acontecimentos mexeram bastante comigo:
1) Há algum tempo, em meio a imobilidade que aflige a maioria das pessoas nesse sentido de ajudar ao próximo, concluí (ou tentei me enganar) que o melhor que poderia fazer era ser um cara legal com as pessoas que estavam a minha volta. Essa conclusão foi muito conveniente pra mim, até porque já pratico bastante o conceito de “ser humano” e, esse teatrinho de consciência tranqüila, nesse sentido, acabou não durando muito por dois motivos: não precisava mudar nada no meu dia-a-dia para que essa “ajuda” acontecesse e ser bacana com quem está a minha volta é algo que eu dou para receber em troca (sem maldade, claro), já que encontro frequentemente as pessoas que estão em torno da minha rotina. Na semana passada, surgiu uma discussão sobre esse assunto e lembrei-me bastante dessa diferença: fazer alguma coisa esperando receber ou movimentar-se no sentido da ajuda para, simplesmente, oferecer alguma coisa.
2) Passei o mês de dezembro fazendo mudança e o serviço de frete que contratei chegou a mim em um dia de trânsito carioca, quando passou uma caminhonete antiga com uma lona escrita “Frete Piaba”, seguida do telefone. Resolvi ligar e fizemos a mudança das poucas coisas que eu tinha interesse em levar para a minha nova casa. Ficaram na antiga residência uma cama de casal, mesa, cadeiras, escrivaninha, pratos, talheres, copos, alguns objetos decorativos, tábua de passar e fogão. O proprietário tinha interesse em ficar com os “principais itens” (cama, mesa, cadeiras e fogão), mas achei que aquilo poderia servir a alguém. Como o “Piaba” foi um cara muito legal comigo e parecia precisar ou conhecer quem precisasse, liguei pra ele e ofereci os “principais itens” (cama, mesa, cadeiras e fogão), pensando que teria que jogar fora o resto. Cheguei cedo no apartamento e, antes que ele (e o filho de 15 anos que trabalha junto) chegasse, fui juntando em uma grande caixa o que acreditava que ele ou qualquer outro não iria querer. Carregamos a caminhonete e, ao final, “Piaba” me perguntou se poderia levar a grande caixa com o “resto”. Ao partir, me agradeceu com uma sinceridade lindíssima e disse-me que aquilo veio na hora exata e que sua esposa daria pulos de felicidade quando ele chegasse em casa.
3) No último fim de semana, assisti ao filme “O banheiro do Papa”, que conta a história real de toda uma preparação de uma cidade muito simples do Uruguai para a visita do Papa. Os moradores do lugar, na esperança de conseguir melhorar uma vida extremamente sofrida, investem o pouco que tem em comidas, bebidas e até um banheiro, entre outras coisas, pensando na quantidade de pessoas que visitaria a cidade para ver o Papa. Todos no lugar trabalham duro e o filme mostra a dificuldade no detalhe de, por exemplo, conseguir um tijolo para terminar o banheiro que seria disponibilizado para os visitantes em meio a um pagamento. Não vou contar o final, mas a batalha é duríssima na condução dos preparativos. A população só via trabalho! As pessoas só queriam trabalhar.
Essas coisas andam martelando aqui na “caixa” de uma forma muito positiva. Muitas idéias me visitam todo dia e ando conversando com amigos que querem se movimentar também.
De agosto pra cá, quando escrevi o post abaixo, alguns projetos nesse sentido chegaram a sair do papel, mas não vingaram. Eram grandes, que dependiam de um montão de coisas e principalmente gente. Eu estava sozinho e não consegui ir em frente, mas o principal motivo para não fazer acontecer foi um desequilibro de dedicação, pesando muito mais para mim, como sempre.
É uma evolução. Vamos ver se estou mais preparado para as idéias de 2009.
"pema sem pena"
Há 8 meses
Um comentário:
Olá Belino!
Estava ontem no orkut numa pesquisa de contatos para os meus projetos culturais até encontrar você e ler ser blog. Logo de cara achei simpático o blog chamar-se "ações e variações sobre o mesmo tema" pensei comigo mesmo é um ótimo tema a desenvolver para uma peça teatral mas depois veio o julgamento de que seria clichê. Enfim deletei a ideia e comecei a ler seu diário blog. Indentifiquei me com o "movimentação para oferecer". Muito mais do que doar algo como geladeria; fogão; eletrodoméstico em geral e eletrônicos.
Precisamos doar afeto. muito amor.muita simpátia muito muito muito mui mais que toda essa avareza que vem sendo absorvida.
até meu caro.
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