terça-feira, 22 de abril de 2008

ela é só dela

É difícil demais escrever sobre alguém assim tão iluminado. Sempre disseram-me sobre pessoas que distribuem energia por todos os lugares que passam e eu, siceramente, achei que conhecesse pessoas assim. Estava enganado e, sinceramente, se você acha que existe alguém assim na sua vida, conheça a pessoa abaixo antes de concluir tal pensamento.

Depois que essa criatura apareceu na minha vida, eu passei a entender o real significado de alguém que aparece para elevá-lo a um patamar anteriormente desconhecido. Hoje eu não quero tentar poetizar ou “escrever bonito”. Quero simplesmente tentar dividir com você o que é conhecer a Morena.

Já começa pelo nome. Sim, Morena é o seu nome verdadeiro! Num primeiro contato a tendência é sempre de dúvidar (Morena é o seu nome mesmo?), o que já lhe garantiu algumas cervejas em apostas ganhas após conferir a carteira de identidade. Pra dar ainda mais sintonia, ela é morena também.

Acho que a conheci num dos piores dias para se conhecer alguém. Pior dia para mim, pois é difícil imaginar esse conceito para ela. Lembro-me bem de dois momentos naquela mesa de bar: AM e DM (antes da Morena e depois da Morena). Recordo-me também do quão senti-me a vontade para falar-lhe do todo que me afligia naqueles dia e momento. Parecia que o “canal” entre nós já existia há muito tempo, só precisávamos sintonizá-lo, o que estava acontecendo. Não demorou muito para alocar meus sentimentos em outro lugar e dar espaço a um pouco de diversão, que era o que mais precisava naquele momento. Ainda sim, no meio de tudo aquilo, com poucas palavras, gestos e atitudes, fez-me enxergar caminhos diferentes e também interessantes para a minha vida, que nunca conseguimos perceber em momentos assim. Com essas “poucas coisas”, ela me ajudou a liberar, nesse dia, a “alegria de criança”, que sem perceber vinha guardando há anos.

Daí pra frente, Botafogo passou a ser parada obrigatória nos meus caminhos. A amizade cresceu, cresceu, cresceu e virou irmandade (“ae mermão”) e uma cumplicidade inédita ganhou meus dias. Posso dizer, com certeza, que os dela também. Meu all-star ganhou uma nova forma de enlaçamento do cadarço, a música no Nando Reis para Cássia Eller ganhou uma nova versão (“...Rua das Palmeiras satisfeita sorri, quando chego ali e entro pela contra-mão...”) e as cervejas de sexta-feira passaram a ter um gosto muito mais especial (“...como é doce o beijo quando vem da sua boca...” hahaha).

A Morena é feliz, não por uma situação ou acontecimento, mas porque ela sabe do seu caminho e o segue. Não precisa ser ninguém além do que ela quer ser. E tem coragem suficiente para levar esse conceito também para onde está vivendo. Ela é linda, com sorriso e risadas deliciosamente contagiantes. Louca na hora de enlouquecer, sensata na hora de pensar. É humana... acho que desrespeito nem faz parte do seu vocabulário, é uma questão de princípio básico que parece ter nascido com ela. Nunca achei que conheceria alguém intensamente forte e sensível, sentimentos estes, a pricípio, de difícil convivência. Dentro dela, parecem viver em bela harmonia.

Eu realmente acredito nesse lance de vibração. Acho que atraímos para nossas vidas pessoas, situações e energias que estão vibrando na mesma intensidade. Fico feliz demais que, acreditando nisso, constate que minha energia esteja ao menos próxima da radiante luz que nasce dela.

- Morena, vamos correr que a chuva está apertando!
- Vamos! Mas espera aí, olha o samba rolando... para! Vamos sambar!

E lá ficamos nós, sambando na chuva, no meio da rua.

Todas essas coisas fazem a saudade apertar.

Morena não quer ser perfeita.
Pra ela, sem dúvida, amar é ser feliz. Simples assim.

“Espere por mim morena, espere que eu chego já...”

terça-feira, 15 de abril de 2008

manhã de sexta

Entro no carro.
Cinto de segurança.
Sinto segurança.
Sim, tô! Esperança...
Segura a esperança!
Segurança cansa...
Esperança, também.
Confiança sim, não cansa ninguém!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

a vida do cabo de rosas

Aquele Cabo de Rosa sempre esperou florecer. Sentia-se muito sozinho e chegava a invejar outros cabos de rosa, que esbanjavam saúde e felicidade ao lado de belas flores. Certas vezes, apaixonava-se pelos botões de outros, mas sabia que aquelas rosas já tinham seus pares. Restava a ele contemplar e sonhar.

Anos depois, em uma doce primaveira, o Cabo de Rosa sentia-se estranhamente feliz. Percebia que algo bom estava por vir em sua solitária vida. Poucos meses depois, sua intuição confirmava-se e nasceu seu primeiro amor: uma Linda Rosa. Para ele, aquela tornou-se a mais bela das flores de toda roseira, de todo jardim. Agora o Cabo não sentia mais a solidão de outrora e compartilhava noites e dias com sua amada.

Tudo na vida daquele Cabo melhorou e ele fazia de tudo para dar uma vida perfeita para sua Linda Rosa. A irrigação de água e nutrientes acontecia maravilhosamente bem neste momento e a flor esbanjava beleza nas curvas de suas pétalas, de tons mesclados entre azul e amarelo. A felicidade emanava para toda roseira...

Certo dia de inverno, o Cabo de Rosa sentiu uma presença diferente naquele jardim. Alguns minutos depois, pode perceber a presença de algumas pessoas, talvez 5 ou 6. Isso sempre acontecia no inverno e ele, até então, não entendia o motivo. Neste momento, sua memória trouxe a lembrança dos dias após aquela “visita”, em anos anteriores. Sempre que um grupo de pessoas passava, a roseira ficava mais vazia: cabos e suas rosas desapareciam. Em alguns casos, apenas as rosas eram retiradas e os cabos que ficavam viviam tempos de grande sofrimento.

Aquele Cabo de Rosa temeu o que estava por vir. Pode sentir a aproximação das pessoas e agarrou-se a sua Linda Rosa. Sabia que ela era especial, com uma beleza diferente e não queria perdê-la. Desejou a morte junto a ela, se tivessem que arrancar sua musa. O medo se fez verdade e uma daquelas pessoas tirou-lhe a tão querida flor. Ele queria pedir a morte, mas ninguém podia escutar ou entender seus sentimentos, apenas os poucos cabos restantes, que estavam ao seu lado.

A raiva que sentia era tão grande que o corpo do Cabo de Rosa mudou. Espinhos começaram a crescer: eram fortes, pontudos, como se aquele Cabo de Rosa quisesse realmente machucar alguém.

Veio a primaveira e com ela mais um presente: uma Nova Rosa, um novo amor. E agora o Cabo de Rosa estava mais “forte” e poderia defendê-la contra qualquer mal. Mas seu anseio em proteger aquela flor era tão grande e a necessidade de prendê-la a ele era tão forte que seus espinhos tomaram forma e tamanho tais a ponto de machucá-la. Dia após dia aquela Nova Rosa sentia dor e não pode aguentar viver daquele jeito.

Agora, resta a este Cabo de Rosa esperar uma nova doce primavera para tentar fazer diferente.
Certamente ele irá aprender, mesmo que para isso precise de muitas outras estações.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

a minha receita

Eu prefiro ser melhor amigo do que melhor profissional.
Eu prefiro chorar ao sentir do que esconder o sentimento, apesar de muitas vezes fazer o contrário.
Eu prefiro gritar de felicidade e dividi-la com o mundo do que guardar todo esse bem só comigo.

Eu prefiro seguir todos os meus anseios e ser taxado de ridículo por outras pessoas do que ver que quem me rotula assim sou eu.
Eu prefiro envelhecer e viver todas as fazes possíveis de uma vida do que querer “parar” em algum momento específico, sem sequer experimentar o que vem.
Eu prefiro fazer o futuro vivendo o meu presente e reviver o passado fechando meus olhos.

Eu prefiro ser sensível e quebrar a imagem criada de “homem-machão-fortão” que certamente não faz bem a outros tantos.
Eu prefiro tentar entender do que criticar, apesar de algumas vezes, infelizmente, fazer o contrário.
E também prefiro olhar todos da mesma forma, apesar de muitas vezes não conseguir.

Eu prefiro o silêncio, apesar de satisfazer-me completamente com uma boa música.
Eu prefiro o escuro, apesar de emocionar-me com o sol.

Eu prefiro me apaixonar 1000 vezes e “quebrar a cara” em 999 delas para encontrar amor e paz verdadeiros, até porque “quebrar a cara” nunca é tão ruim assim: mostra-me um pouco mais de mim.

Eu prefiro sair de casa e fazer jus a vida que Deus me deu do que me prender ao medo.
Também prefiro achar Deus nas minhas emoções do que aceitar aqueles deuses que vendem pra mim.
Eu prefiro e preciso desfrutar e trocar com as belezas e dores desse mundo.

Eu prefiro escrever de mim do que de você...

Eu prefiro sentir-me parte do mundo do que olhar tudo com desdém e achar que tenho a solução de uma vida diversamente “insolucionável” (ainda bem!). Pra mim, não existe um caminho, nem uma solução ou até mesmo uma receita. Cada um de nós faz a sua e ninguém é alguém a ponto de dizer qual é a melhor.

Pra mim, não interessa saber qual é a melhor “receita da vida”. Importa sim ter uma feita por mim e tentar entendê-la, mesmo que ela mude muitas e muitas vezes. =)

Afinal, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.

A minha é mais ou menos assim, com muitas outras coisas mais, claro...
As vezes muda, mas é mais ou menos assim.

E a sua, hoje, qual é?

quinta-feira, 3 de abril de 2008

No fundo, João sabe o que quer

Há 2 anos João completava seu 9º ano de vida. Ele sempre foi um menino simples, que tinha muito à sua disposição mas usava pouco disso para sorrir sinceramente.

Perto da data de seu aniversário, João sonhava com uma mesa de botão daquelas grandes, que simulavam um campo de futebol. A mesa que ele tinha já estava pequena (ganhou no seu 5º aniversário). Quando não estava disputando uma partida com um dos poucos amigos que ainda se interessavam pela “relíquia”, com seu pai ou seu avô, fazia campeonatos sozinho: distribuía os botões como times e armava uma grande competição. Eram horas e horas de pura diversão.

Uma semana antes do “grande dia”, João chegou em sua escola e percebeu que havia uma “febre” entre seus amigos. No último fim de semana havia acontecido o lançamento de um novo mini game, o Eztra. O aparelhinho era uma versão portátil do que havia de melhor nesse tipo de tecnologia. A criançada estava eufórica no recreio da escola. A badalação aos que empunhavam seus Eztra’s era enorme! Sem entender e perceber muito bem, João passou a querer aquilo também.

Sem ao menos ter testado uma vez, sem ao menos ter tido que fosse um minuto de diversão com o fantástico Eztra, João aderiu a onda de entusiasmo. Chegou em casa e foi correndo falar com seus pais sobre a novidade. Em cima dos comentários que escutou naquele dia, falou sobre quão única era a experiência de ter um Eztra. Narrou o frisson causado entre os amiguinhos e pediu para os pais um Eztra de aniversário. João foi dormir e seus pais estranharam aquilo. Em quase 9 anos, ele, que não era de pedir presente (gostava e estava acostumado as surpresas dos pais), parecia querer aquilo mais que tudo. Tiveram que criar um “plano B”, pois já tinham comprado uma nova mesa de botão. Lá foram eles atrás da novidade. O pai de João, que conhecia muito bem seu filho, foi o que mais estranhou. Após tantas e tantas partidas sob o facínio de sua prole, resolveu guardar a nova mesa de botão para uma outra oportunidade, talvez o dia das crianças.

Aquela semana foi intensa para o menino. Todos aqueles dias que antecederam seu aniversário sob a ansiedade de ganhar o Eztra fram estranhos pra ele. Algumas novas emoções foram geradas e ele, naturalmente, não soube administrar isso tudo muito bem. Mesmo sabendo que em poucos dias ganharia o agora tão desejado aparelho, aquilo não traduzia-se exatamente em felicidade para ele.

Na noite anterior ao seu aniversário João foi dormir na expectativa do dia seguinte. Sonhou com um grande campeonato de botão em uma mesa profissional. Ele ganhava todo mundo e era o grande campeão do torneio! Ao acordar naquela manhã de sábado, pode perceber que algo estava em sua cama: era uma caixa do Eztra! Meio sonolento, João abriu a caixa, colocou o primeiro jogo e não mais do que 10 minutos foram suficientes para que o interesse pelo aparelho reduzisse. Ele tentou outros jogos mas a magia em torno do Eztra começava a esvair-se. João deixou o aparelho de lado e foi tomar café. Recebeu abraços e beijos calorosos de seus pais, que terminavam de preparar a casa para sua festinha, que aconteceria mais tarde.

Naquela tarde, João tentou divertir-se algumas vezes mais com seu novo brinquedo. Sem sucesso, colocou o Eztra em cima da estante da sala e foi jogar botão em sua velha mesa. Mais tarde, aprontou-se para receber sua família e amigos. Apesar de não ter dado-se muito bem com seu presente, estava muito feliz com o aniversário!

No vai e vem de pessoas na casa, seu tio, involuntariamente, esbarrou no Eztra que estava na estante da sala e o mini game espatifou-se no chão. O barulho e a música não permitiram que João percebesse. Seu pai pegou o brinquedo e percebeu que a queda comprometeu seu funcionamento: a tela tinha quebrado. No momento que o pai de João comentava o decreto do aparelho com seu irmão (o tio de João), o menino, que passava por eles sem que percebessem, escutou a conversa. Minutos depois chamou seu pai e disse-lhe que não brigasse com seu tio por aquilo, que a festa dele com a presença de todos ali era o mais importante. Seu pai concordou.

Nesse momento o pai teve uma idéia: foi até a garagem de casa, onde estava “escondida” a nova mesa de botão, chamou os principais “adversários” do menino no botão (além dele, o tio e o avô) e armou, secretamente, uma pequena arena no segundo andar da casa. A festa rolava solta quando o pai interrompeu a música, pedindo silêncio de todos e, como um narrador profissional, disse: “subam aqui e sejam bem-vindos ao 1º torneio de botão no novo estádio do João. Os 3 desafiadores já estão a espera!”. João não entendia bem o que estava acontecendo, mas, esperto como era e pelo discurso do pai, já imaginava. Todos da festa foram correndo para o “local do torneio”. Após subir as escadas, os olhos do menino brilharam de felicidade. Lá encontrou a tão sonhada mesa, novinha, a sua espera. O time do avô já estava organizado e pronto, e então ele foi correndo arrumar sua equipe. A torcida se colocou a postos e ansiava pelo início do torneio. Palhetas em punho e bola rolando... foi um dia inesquecível.

Não pelo aniversário, não por ter sido campeão do “torneio”, menos ainda pela nova mesa de botão... João estava completo. Feliz ele sempre foi e continua sendo.
______________

Vivemos muitas surpresas em nossas vidas. Muitas vezes, o que nos surpreende não necessáriamente são coisas boas. Se um dia, numa dessas surpresas, João perder toda essa paz e alegria que o rodeia, precisará ser forte.

E essa força ele tem!