segunda-feira, 7 de abril de 2008

a minha receita

Eu prefiro ser melhor amigo do que melhor profissional.
Eu prefiro chorar ao sentir do que esconder o sentimento, apesar de muitas vezes fazer o contrário.
Eu prefiro gritar de felicidade e dividi-la com o mundo do que guardar todo esse bem só comigo.

Eu prefiro seguir todos os meus anseios e ser taxado de ridículo por outras pessoas do que ver que quem me rotula assim sou eu.
Eu prefiro envelhecer e viver todas as fazes possíveis de uma vida do que querer “parar” em algum momento específico, sem sequer experimentar o que vem.
Eu prefiro fazer o futuro vivendo o meu presente e reviver o passado fechando meus olhos.

Eu prefiro ser sensível e quebrar a imagem criada de “homem-machão-fortão” que certamente não faz bem a outros tantos.
Eu prefiro tentar entender do que criticar, apesar de algumas vezes, infelizmente, fazer o contrário.
E também prefiro olhar todos da mesma forma, apesar de muitas vezes não conseguir.

Eu prefiro o silêncio, apesar de satisfazer-me completamente com uma boa música.
Eu prefiro o escuro, apesar de emocionar-me com o sol.

Eu prefiro me apaixonar 1000 vezes e “quebrar a cara” em 999 delas para encontrar amor e paz verdadeiros, até porque “quebrar a cara” nunca é tão ruim assim: mostra-me um pouco mais de mim.

Eu prefiro sair de casa e fazer jus a vida que Deus me deu do que me prender ao medo.
Também prefiro achar Deus nas minhas emoções do que aceitar aqueles deuses que vendem pra mim.
Eu prefiro e preciso desfrutar e trocar com as belezas e dores desse mundo.

Eu prefiro escrever de mim do que de você...

Eu prefiro sentir-me parte do mundo do que olhar tudo com desdém e achar que tenho a solução de uma vida diversamente “insolucionável” (ainda bem!). Pra mim, não existe um caminho, nem uma solução ou até mesmo uma receita. Cada um de nós faz a sua e ninguém é alguém a ponto de dizer qual é a melhor.

Pra mim, não interessa saber qual é a melhor “receita da vida”. Importa sim ter uma feita por mim e tentar entendê-la, mesmo que ela mude muitas e muitas vezes. =)

Afinal, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.

A minha é mais ou menos assim, com muitas outras coisas mais, claro...
As vezes muda, mas é mais ou menos assim.

E a sua, hoje, qual é?

Um comentário:

Anônimo disse...

Pra vc que não quer ser um semi-deus:Fernando Pessoa, que estava farto de quem não admitia ser de carne e osso...

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza".

Bjos de uma mortal...