quarta-feira, 11 de julho de 2007

presente de problema

Como a gente se engana nessa vida. A família Bonile que o diga.

Há alguns anos, a família Bonile passava por uma fase muito triste, de poucos sorrisos. Vários acontecimentos como distância física e espiritual de seus membros, separações e dificuldades financeiras margearam a vida de todos. Como se já não bastasse, a mais nova desta família, Adriana Boline, engravidou acidentalmente aos 20 anos, fruto de seu namoro com o jovem Patrício.

Foi a gota d’água. O que já parecia confuso e insulucionável ganhava mais força com essa nova vida que estava por vir e não era bem-vinda. De uma hora pra outra, todos os problemas que já os afligiam dobraram de peso e tamanho e ninguém conseguia ver qualquer possibilidade positiva, de um futuro mais tranquilo. Todos só pensavam em si, em como aquela vida os atrapalhariam nas suas formas individuais e nos custos que ela traria. Pensaram também em como os vizinhos e a sociedade iria encarar uma jovem adulta, ainda imatura, sem uma profissão e com uma criança em seu colo. Não buscaram qualquer solução que os ajudassem a passar por aquela prova juntos. Dessa forma a família Bonile viveu os três primeiros meses de gravidez de Adriana.

Aos poucos, a gravidez começou a seduzir todos na família. Naturalmente, vieram a preocupação com a saúde de Adriana e de sua criança, os cuidados, os planos e sorrisos. Não havia qualquer Bonile, seja dentro daquela casa ou até mesmo os que moravam distantes, que não cruzasse com um bebe e não parasse para refletir naquela mudança, que, sem que percebessem, passava a ser encarada como positiva.

Do quarto ao sexto mês de gravidez. Esse foi o tempo suficiente para que todos os problemas por que passavam os Bonile, relatado no início do texto, fossem resolvidos. Todos queriam estar perto de Adriana e de seu filho e isso fez com que os encontros da família inteira passasse a ser cada vez mais frequente. O “aperto” financeiro foi necessário e encarado com prazer. Agora, a família Bonile conseguira reconquistar a sua paz.

Essa é uma história real. Uma prova de que, quando parece que não existe solução para os problemas da nossa vida, com união e amor, tudo torna-se possível. No caso dos Bonile, o grande “problema” passou a ser solução e responsável por, independente da situação ou distância, trazer de volta a felicidade.

Hoje, o pequeno Elias tem 2 anos e adora ficar na casa da vovó nos fins de semana. Adriana e Patrício continuam juntos, crescendo.
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teu mundo

abri a porta e te vi ali
num sono tão lindo
e não pude te acordar.

há algum tempo o mundo
parecia cair
sobre as costas de quem
estava a te esperar.

chora, vai
e antecipa o que o mundo lá fora
vai te fazer sofrer.
chora, vai
limpa essa tristeza e muda a história
de quem vive pra você.

lágrimas com o poder
de nos fazer voltar a sorrir
de portas fechadas.

e o que é te ter
olhando pra mim,
pedindo que eu não pegue a estrada
pra cuidar de ti e da nossa casa.

quem está a tua volta
antes tão distante
mas agora em torno de ti, se transforma
em uma família
de um coração vil...
com um coração vil...

chora, vai
e antecipa o que o mundo lá fora
vai te fazer sofrer.
chora, vai
limpa essa tristeza e muda a história
de quem vive pra você.
chama, vai
pela madrugada
que não incomoda
e traz de volta a nossa paz.










A Família (Tarsila do Amaral)

5 comentários:

Schirmer disse...

No começo de tua história me lembrei muito da realidade retratada em Os miseráveis, de [Victor] Hugo. Depois, no entanto, me surpreendi pelo desfecho, inusitado ao meu ver. Mas nem por isso deve ser tido como "menor". Quem sabe o quanto teremos de rever nossas visões de mundo? Talvez tenhamos isso como sina. Alguns de nós, é certo, se furtaram a esse destino, infelizmente.
A vida, ou uma nova vida, tem muito disso: pode trazer consigo a alegria e o viver há muito esquecidos... E mostrar novas formas de ser... Esse é verdadeiro viver!

Abrs afetuosos!

Anônimo disse...

linda a história.
linda a poesia.
linda a pintura.
adorei.

um beijo

Renatinha disse...

Adorei seu blog... Você escreve muito bem.

Gosto da paz da madrugada também.

Beijos :)

marthacomth disse...

Também gostei muito do seu blog =)

Só pra constar, vc achou o meu aleatoriamente mesmo ou é alguém que eu conheça? :-P

Schirmer disse...

Acabei de me lembrar de uma música que marcou por demais a minha geração (a da Coca-Cola), que é Eduardo e Mônica.
Acho que seria a trilha sonora ideal pra este post.

Aliás, estou pensando em eleger, a cada novo post, uma música que o defina. Na verdade copiei a idéia da Lévia da Yakuza, nada original... Mas bacana, não? rs
Abraxas caríssimo Belino