terça-feira, 24 de julho de 2007

permita-sa conhecer

Todos nós, independentemente de raça, sexo, poder aquisitivo ou classe social, temos a péssima mania de julgar as pessoas antes de as conhecermos ou até mesmo após um conhecimento superficial e, dessa forma, inconsistente para a tomada de qualquer partido.

Eu sou o tipo de pessoa que não tenho qualquer “pé atrás” quando conheço alguém. Me entrego mesmo a uma amizade, seja na rua ou no trabalho. Reconheço que muitas vezes já me decepcionei bastante por achar que todo mundo é meu amigo, mas acho que é ainda pior começarmos qualquer relação com algum tipo de proteção.

Ainda assim, sempre existem aquelas pessoas que “não vamos com a cara”, ou que uma pequena atitude que vá de encontro com as nossas tais “verdades” seja o suficiente para um julgamento prematuro. É nesse momento que o(a) sujeito(a) passa a ser, injustamente, incoveniente, adjetivo este muito forte, na minha opinião.

E as pessoas estão cada vez mais egoístas no que diz respeito a oportunidade de viver uma experiência com quem passa, mesmo que superficialmente, em suas vidas. Esquecemos que todo mundo tem alguma coisa boa, algo que possa nos acrescentar ou simplesmente divertir. Quando “fechamos a cara” para aquelas pessoas que “não vamos com a cara”, perdemos a oportunidade de viver um pouco do que ela é. Nem levamos em conta que, sendo tão diferente do outro, isso pode ser ainda mais enriquecedor. Acreditem! Basta que os pré-conceitos fiquem de lado.

Vou explicar a razão deste post:

Diariamente, para ir e voltar do trabalho, eu pego uma van. É um serviço fechado por mês com os 15 passageiros. Ou seja, nos vemos 2 vezes durante 5 dias úteis da semana.

Os 15 passageiros tem perfis completamente diferentes uns dos outros: tem “o engraçado”, “a quietinha”, “a perua”, “o gago”, “a faladeira”, “o malandrão”, entre outros. Há algum tempo eu me encaixava no “anti-social”. Não por mal (ou mau), mas é que são dois momentos complicados em termos de animação nos meus dias: logo após acordar (com sono) e depois do trabalho (cansado e com sono). Então, geralmente, entrava na van, dava o tradicional “bom dia” e seguia para o meu assento. Colocava o fone no ouvido, fechava os olhos e só acordava perto do trabalho. Na volta, o mesmo ritual, com a mudança do “bom dia” pelo “boa noite”. E só. Nos raros dias em que não me alienava com o MP3 player, sempre me dei bem com todos. Sempre superficialmente. Em alguns momentos, querendo dormir, até me incomodava um pouco as conversas mais empolgadas. No fundo, acho que eu pensava que a minha “experiencia musical” e meu sono seriam mais válidos nesses momentos. Grande engano!

Há uns 3 meses, com preguiça de trocar as músicas do player e cansado de repetí-las, resolvi deixar o fone de lado pra conhecer um pouco mais daqueles que estavam por todos os dias ao meu lado. Uma conversa aqui, outra ali, uma brincadeirinha acolá e, em pouco tempo, respeitando as diferenças, ou melhor, vivendo-as, já não conseguia passar aqueles dois períodos diários com a música nas idéias. Depois vieram apelidos de cada um, os “hinos” da van e a tradicional cerveja toda sexta-feira, na volta pra casa! Tudo resultado de uma troca incrível, que faz com que o trânsito de todo dia passe sem que percebamos.

No último sábado aconteceu o “churrasco da van”. Somente um passageiro-amigo não pode ir. O resto do pessoal compareceu e tivemos um dia divertidíssimo. Em um momento do churrasco parei para observar todos os sorrisos que me rodeavam. Lembrei-me de tudo que eu perdi até 3 meses atrás. Tenho sorte de contar com este ambiente aparentemente tão pequeno que se tornou grande e engrandecedor.

Não há nada tão mágico quanto pessoas e suas vidas. E a troca dessa magia é fantástica. Somos seres humanos, não esqueçam! E se hoje esse blog pretende dar uma dica, lá vai: não se feche para quem passa na sua vida, seja lá onde for. Tente aproveitar isso. Deixe aquele inevitável julgamento prévio de lado e permita-sa conhecer.

A outra dica é: escutem o CD novo do Travis (The Boy With no Name).
Destaque para a música Battleships. Uma obra de arte.

=)


3 comentários:

Schirmer disse...

Waaal Belinão!! Se superando hein, rapaz! rsrs Cada vez gosto mais de ler-lhe, devo dizer!

Sim, muito verdade isso que tu falaste ae. E sabe que encontro uma resistência muito grande por parte de algumas mulheres especialmente. Porque elas acham, ou ao menos assim me parece, que tudo relacionamento homem-mulher tem de acabar na cama. rs Não que eu seja "pegador", longe disso. Mas parece-me que as pessoas, independente de serem homens ou mulheres, estão pouco abertas para uma amizade mais verdadeira, sei lá. Essa é minha impressão...

Um caso concreto pra ilustrar: tenho uma colega de trabalho que é um charme, fisicamente falando. Não é lá nenhuma Einstein e tem um papo bem lugar-comum. Mas tem um caráter e simpatia que me conquistaram [para uma amizade, bem entendido, afinal nós dois temos nossos cônjuges ou candidatos].

Chamei ela pra sair, com a intenção de alimentar nosso vínculo de amizade e no intuito de conhecê-la melhor. Fiz o que pude para isso, mas nada de uma resposta positiva. Na verdade, nenhuma foi a resposta dela. Aí num belo dia eis que surge a oportunidade de saímos todos lá do trabalho para um happy hour e finalmente pude conhecê-la melhor.

Ela me confidenciou que um colega de sala há pouco havia se aproximado dela para supostamente pedir conselhos matrimoniais, afinal seu casamento não andava bem. Repentinamente - ela me diz horrorizada! -, ele manda um e-mail no qual a convidava pra ser sua amante!! Putzzz... A menina ficou traumatizada, percebi de cara! rsrs Tem pouco mais de 20 e já recebeu uma proposta dessas...

Enfim, tomei um "fora" na amizade porque ela entendeu meu interesse, exclusivamente fraternal, como um pretenso "algo a mais".

Pena. Podíamos ter sido grandes amigos, mais do que superficialmente somos hoje. Ainda ando em busca. As pessoas podem nos surpreender muito. É difícil descrever a sensação de ser surpreendido. Deixe-se surpreender... Quem sabe o mundo tão competitivo não fica mais humano? Afinal, o máximo que pode acontecer é ficar como já está.

Abraxas querido AMIGO!!!

Schirmer disse...

O caso acima foi realmente verídico!

Schirmer disse...

rs